quinta-feira, 30 de maio de 2024

EGÍDIO VAZ ROGA PARA QUE NÃO HAJA ILIMITADO

O anti - defensor das causas do povo mostrou - se indignado com o anúncio sobre a suspensão das novas tarifas de telecomunicação. 
Vaz, defende a não suspensão das tarifas, porque segundo ele caso isso aconteça as operadoras irão a falência. 

Confira o post que o Historiador fez na sua página do Facebook:
"A sustentabilidade do setor das telecomunicações: uma necessidade urgente

Por: Egidio G. Vaz Raposo | Historiador & Estratega de Comunicação

O recente anúncio do Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM) sobre a retirada do bónus ilimitado nas telecomunicações é uma decisão vital para a sustentabilidade do setor. Sei que o governo sugeriu o adiamento da entrada em vigor desta medida, mas acredito que essa decisão é crucial para a sustentabilidade do setor e para o bem-estar de todos nós a médio e longo prazos.

1. A insustentabilidade do modelo atual
A prática de oferecer bónus ilimitados e tarifas abaixo do custo real dos serviços não é sustentável para as empresas de telecomunicações. Essa "guerra de preços" tem levado a uma situação insustentável que, se continuar, poderá resultar na fuga de investimento no setor, na falência das empresas e no desemprego de muitos moçambicanos. Como diz o ditado popular, "o barato sai caro". As tarifas praticadas pelas operadoras, especialmente nos pacotes de dados, estão significativamente abaixo dos custos operacionais, o que tem levado a um retorno financeiro negativo e à falta de investimentos na melhoria e expansão da infraestrutura.

2. Qualidade e investimento no setor
A contínua prática de tarifas reduzidas e bónus ilimitados compromete a qualidade dos serviços prestados. As operadoras não têm conseguido investir adequadamente na melhoria e expansão das suas redes devido às perdas financeiras. A TMCEL, por exemplo, recentemente conseguiu pagar os seus salários com recursos próprios, após um longo período dependente do tesouro. Esse cenário reflete a fragilidade financeira das operadoras, que lutam para se manterem operacionais enquanto enfrentam a pressão de manter preços artificialmente baixos.

3. O risco de desinvestimento
A Vodafone, uma das principais operadoras, está em processo de desinvestimento na África Austral, um sinal claro dos desafios enfrentados pelas empresas no setor. Se a situação atual persistir, corremos o risco de ver um desinvestimento completo em Moçambique ou uma drástica redução na qualidade dos serviços prestados. É crucial lembrar que a presença de operadores como a Vodafone é vital para a manutenção da concorrência e para a inovação no setor.

4. Ameaça à concorrência leal
O que tem mantido as três operadoras na concorrência é a prática de SUBSÍDIOS CRUZADOS, onde buscam lucros de um setor para financiar a concorrência desleal em outro. Isso não é saudável nem sustentável. A PRÁTICA DE SUBSÍDIOS CRUZADOS, ONDE OS LUCROS DE UM SERVIÇO SÃO USADOS PARA FINANCIAR A CONCORRÊNCIA DESLEAL EM OUTRO, É UMA ESTRATÉGIA INSUSTENTÁVEL A LONGO PRAZO. Enquanto isso pode beneficiar os consumidores a curto prazo com tarifas mais baixas, a médio e longo prazo resulta em menor qualidade de serviço, falta de inovação e potencial saída de operadores do mercado. A Movitel, por exemplo, não tem investido adequadamente na qualidade dos seus serviços, exacerbando o problema. Segundo sei, o seu equipamento é frequentemente obsoleto, importado a preços exorbitantes.

5. A importância da medida do INCM
Precisamos de um mercado de telecomunicações forte, competitivo e sustentável, que possa oferecer serviços de qualidade e investir na expansão da cobertura de rede. A medida do INCM visa corrigir as distorções do mercado e criar condições para um crescimento robusto do setor a longo prazo.

 A decisão do INCM de retirar o bónus ilimitado é um passo crucial para restaurar a saúde financeira das operadoras e assegurar um mercado mais equilibrado e competitivo. Esse tipo de intervenção regulatória é essencial para garantir que as tarifas sejam justas e reflitam os custos reais dos serviços prestados. Só assim podemos garantir que as operadoras continuem a investir na melhoria da infraestrutura e na inovação, proporcionando um serviço de qualidade aos consumidores. Estranho o silêncio da Autoridade da Concorrência que prefere ficar inerte.

6. Reflexões finais
Como referiu o sábio Aristóteles, "a virtude está no meio". Encontrar um equilíbrio entre tarifas acessíveis e a sustentabilidade do setor é essencial para o desenvolvimento económico e social de Moçambique. É importante que a sociedade compreenda que a qualidade dos serviços de telecomunicações está intrinsecamente ligada à capacidade das operadoras de investir e inovar. Apoiar medidas que promovam essa sustentabilidade é apoiar um futuro melhor para todos. 

Atualmente, é incorreto afirmar que a qualidade das nossas operadoras é satisfatória. O desinvestimento pode ser observado com a desmontagem de antenas em zonas remotas, onde o nosso povo também precisa de serviços, mas devido ao baixo rendimento, as empresas preferem desmontá-las, deixando a população sem esse serviço. Por exemplo, a TMCEL desmontou recentemente um gerador, despois de ter desmontado uma antena em Mabote; a Movitel tem feito o mesmo. São informações que passam despercebidas por muitos, desatentos à dinâmica do mundo das telecomunicações no país. O fato de as cidades serem relativamente bem servidas em comparação ao campo não significa que todo o país esteja bem atendido. Pelo contrário, em muitas partes deste país, o sinal está péssimo e, em outras, indisponível. Esses são fatos inconvenientes de ouvir, diante do populismo que se vive hoje.

Persistir em abordagens populistas levará à falência do serviço. E isso não está longe de acontecer.", defendeu Vaz.

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