Por: Romeu Carlos.
Em 2023 minha irmã foi admitida à técnica de farmácia, num concurso lançado pela Direcção Provincial de Saúde do Niassa. Foi um regozijo para ela, após longa espera por uma oportunidade. Meses passaram, mas um conjunto de aspectos burocráticos minou a celeridade do processo, mesmo com o cabimento orçamental e a garantia para sua afectação.
Ocorre, porém, que passado cerca de um ano, ela não foi chamada para afectação e ninguém disse mais nada para ela. Preocupada, foi se informar sobre o que se passava. A Direcção Provincial disse que faltava, apenas, o visto do Tribunal Administrativo. Por sua vez, ela foi ao Tribunal Administrativo, onde foi informada que o visto já tinha sido atribuído, justamente naquele ano e que todo processo está na Direcção Provincial de Saúde. De volta à Direcção, minha irmã ficou a saber que sim, o visto existe. Mas a Direcção voltou a lançar culpa ao Tribunal Administrativo.
Assim, minha irmã está no meio de uma discussão entre duas instituições que se atiram culpa uma da outra, por ela não estar a trabalhar, neste momento. A parte mais interessante nessa história é que maior parte dos colegas admitidos com ela, já estão a trabalhar. Há muito. Minha irmã é a única na sombra da lamentação. Formalmente, ela tem um emprego, mas não tem trabalho. Ninguém consegue explicar o que se passa.
A amargura que minha irmã sente, me eleva à intensa agonia, por me lembrar sobre um episódio do passado. Acontece que, enquanto estudante, no fim da faculdade, um professor disse ter notado talento em mim convidou-me a deixar a documentação no serviço público de televisão, para me juntar a uma equipa de técnicos júniores que seria formada. No entanto, um chefe dos recursos humanos da época dificultou-me a todo custo, pois, conforme fiquei a saber depois, ele queria colocar o sobrinho, no lugar que se acreditava ser meu.
